Negócios em Pauta: Profissionais debatem comportamento e equilíbrio emocional
22 de Novembro de 2018
"Comportamento é aquilo que a gente enxerga como resultado de um processo muito mais amplo que envolve principalmente as emoções e os nossos pensamentos". A afirmação da psicóloga, coach e diretora estratégica da Núcleo Consultoria, Daniela Munhoz, resume o tema do workshop do projeto Negócios em Pauta realizado na noite desta quarta-feira (21) no Sincovat, em Lajeado. Para debater as diversas formas de desenvolver o equilíbrio emocional nas equipes, também participaram do painel o psicólogo do Espaço Viver Bem da Unimed de Encantado, José Ezequiel Calegari da Rosa, e a consultora empresarial e diretora da Capital Verde, Raquel Winter Reali.
De acordo com Daniela, o comportamento organizacional compreende um contexto maior e se traduz a partir da cultura e do clima diário da empresa, envolvendo questões cognitivas, afetivas e comportamentais. Assim, o equilíbrio nunca é total, principalmente porque os indivíduos interpretam e agem conforme vivências pessoais e opiniões que formam sobre os outros, o mundo e o futuro. Segundo a psicóloga, essas emoções particulares não são ruins e determinam ações como raiva, alegria, satisfação, medo e ansiedade. Afirmando que muitas organizações concentram esforços apenas em resolver problemas, Daniela alertou que esse viés de sempre enxergar o lado negativo das situações nos cega para observar o que há de bom nas equipes e o potencial de cada indivíduo ou grupo.
Para Raquel, o equilíbrio emocional tem altos e baixos e depende da compreensão das interfaces do comportamento humano. Na sua avaliação, um dos pontos essenciais para uma estabilidade está na comunicação interna e na definição clara de objetivos, propósitos e dos passos para o desenvolvimento de pessoas, mercados e inovações. "Comunicar não é informar, não é dizer e não é escrever. Comunicar é deixar comum a todas as pessoas", esclareceu. Conforme a consultora, esse posicionamento tem que ser sistêmico, com reuniões, feedback e dinâmicas de grupo. "Comunicação interna não pode mais ser para colaboradores, mas com eles", apontou.
Trazendo sua experiência de consultório, Rosa descreveu que muitas distorções de comportamento são oriundas da incapacidade do funcionário de não se perceber como parte integrante da empresa. Isso gera frustrações e pode contaminar toda a equipe. Por isso, é fundamental que todos se vejam como parceiros da organização. "Tem que andar juntos como uma engrenagem que gira para todos se desenvolverem", observou.
Liderança
Raquel ressaltou que o desequilíbrio emocional de uma equipe pode muitas vezes estar atrelado ao próprio líder, fato justificado por pesquisas que revelam o quanto a qualidade de vida de um trabalhador depende da inspiração recebida de seu superior. Da mesma forma, Daniela lembrou que um gestor precisa ter inteligência emocional para perceber os limites e necessidades de cada subordinado para que possa se ligar a ele. "Não existe engajamento sem conexão". Conforme a psicóloga, além de comunicação, o líder precisa ser íntegro e transmitir segurança. "Sem confiança ninguém se engaja", assegurou.
Felicidade
Ao debaterem sobre contentamento e satisfação, Raquel defendeu: "A empresa, do meu ponto de vista, não tem, em nenhum momento, a reponsabilidade pela felicidade das pessoas. Ela tem a reponsabilidade, sim, de não ser a causadora da infelicidade". Rosa concordou com o posicionamento da consultora, complementando que não existe felicidade plena e sim momentânea. Ela está ligada ao princípio do prazer, do desejo e da vontade de seguir buscando coisas novas, sendo que não cabe às organizações bancar esse sentimento. Porém, Daniela divergiu alegando que, por a felicidade depender de experiências positivas e bens materiais, hoje se defende mais o conceito de bem-estar subjetivo, o qual amplia a abrangência e considera níveis de satisfação geral sobre a vida e o trabalho. "Se a empresa realmente quer um engajamento melhor, ela tem que criar a possibilidade de que as relações sejam positivas", concluiu.
Outros temas
Os profissionais também citaram os chamados "puxa-sacos" e "laranjas podres", além de discutir sobre empoderamento, feedback, empresa familiar e autoconfianças. Para finalizar, deram dicas de como desenvolver o equilíbrio emocional nas pessoas e nas equipes.
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